Valdemar Sansão (*) “Disse mais o SENHOR DEUS: Não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”. O ingênuo episódio da criação de Eva é apenas uma forma imaginosa de proclamar, desde o início, a igualdade dos sexos em termos de dignidade humana, e de explicar a natural atração mútua e o íntimo relacionamento que sempre deveria haver entre o homem e a mulher. |
sábado, 12 de abril de 2008
CUNHADAS... QUEM SÃO ELAS?
KOSOVO, RORAIMA E PROTETORADOS
Nilder Costa (*) Poucos discordam que a auto-declaração unilateral de independência do Kosovo constitui uma séria ameaça às relações internacionais. O governo brasileiro anunciou que só a reconhecerá quando resultar de um acordo político com a Sérvia, sob a condução das Organizações das Nações Unidas (ONU), por temer um ‘efeito cascata’ mundo afora, em especial nos países com população fragmentada. O chanceler Celso Amorim revelou as preocupações brasileiras com o processo ao reclamar que as Nações Unidas foram colocadas em ‘segundo plano’ pelos países que já reconheceram a independência do Kosovo. [1]
Áreas transfronteiriças de interesse para a USAID onde se destaca Roraima (no. 2) A todas as luzes, se o Brasil não acordar para esse perigo geoestratégico que se desenha em Roraima, corre o sério risco de ver inaugurado, em trecho do seu ex-território, um outro tipo de protetorado pós-moderno: o indígena. Artigo publicado em http://www.alertaemrede.inf.br em 26 de fevereiro de 2008 |
FLAUTA MÁGICA de Amadeus Mozart
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EGOÍSMO E ORGULHO
Não posso ouvir o que dizes porque aquilo que és troveja muito alto”.
O orgulho é sentimento de dignidade pessoal; brio, altivez no bom sentido. Mas o orgulho a que me refiro é o conceito elevado de si próprio; soberba, vaidade, egoísmo, máculas que podem levar o ser humano à penosas desventuras. As ilusões desfeitas obrigam a pessoa soberba e egoísta a palmilhar caminhos difíceis.
O egoísmo, sendo o amor excessivo ao bem próprio, não considera os interesses alheios.
Há pessoas que se julgam superiores às outras sob variados aspectos. Ensoberbados de si mesmas se esquecem das carências alheias. Os princípios universais e maçônicos de fraternidade, de solidariedade e outros não são presentes no íntimo de suas almas insensíveis. É a consideração da prevalência do egoísmo sobre o altruísmo.
A intensidade ou o tamanho do egoísmo e do orgulho não são fáceis de serem avaliados, não há medida para medi-los. Contudo, são tão manifestos em certos casos que se tornam mais acentuados do que todas as demais expressões.
Deparamos com pessoas que não se relacionam com outras porque julgam que estas não estejam à altura de entender os conhecimentos que lograram adquirir. Pensam que podem ser compreendidas apenas por quem usufrui de igual nível intelectual, por isso se isolam, ficam confinadas em seus castelos de ilusões. Tornam-se incapazes de descer de sua cultura arrogante. Tomadas pelo egoísmo, são incapazes de amar a outro, de ver o outro, de saber que ele existe. Para o egoísta, o mundo foi feito só para ele. Eles não são maus; apenas não conseguem ouvir, não conseguem aprender a ser generosos, não conseguem dar, dividir nada, nem seus conhecimentos, seus bens materiais e muito menos amor. Ignoram totalmente que o iletrado e o sábio, as pessoas que habitam moradas humildes e os palácios são todas irmãs e devem desfrutar, mutuamente, do respeito, da atenção, da complacência, do afeto e estima, uma das outras. Desses devemos nos afastar porque só nos trazem desânimo e desalento. Não revelam e nem cultivam humildade. Esquecem que em Maçonaria a participação de todos é indispensável; mesmo não tendo grandes conhecimentos, podemos estudar e progredir. Admiramos, e com razão, os grandes letrados, porém, podemos sempre dar algo de nós em favor da literatura maçônica. Na tolerância e serenidade podemos aprender, ampliar nossos conhecimentos, apesar das críticas de homens conhecidos publicamente que destroem os que começam a desenvolver seus primeiros passos. Isto sim não é maçônico. Eles, intolerantes, intransigentes, apesar de seus conhecimentos culturais, estão longe de compreender o que é Maçonaria e quais são os seus objetivos que estão estampados no amor, na humildade, no perdão...
Muito mais grave, porém, é quando deparamos com os que rejeitam com evasivas o que juraram aos Irmãos: o amor fraternal, que segundo o Ir.’. Antônio do Carmo Ferreira, Presidente da ABIM é o amor que irmana, o amor que aproxima, o amor que une. Ele ainda nos adverte sobre a necessidade de como “Construtores Sociais” derrubarmos os muros que possam se interpor entre nós, construindo pontes que nos aproximem para que trabalhemos unidos partilhando e perdoando, para a grandeza da Maçonaria e a Glória do Grande Arquiteto do Universo que nos fez todos iguais, Irmãos que se devem ajudar mutuamente.
A verdadeira sabedoria consiste em absorvermos integralmente os ensinamentos de nossa Sublime Instituição, praticando seus postulados, ajudando os fracos, os pequenos e oprimidos; combatendo todos os vícios, assim como os privilégios e monopólios, amando o próximo como a si mesmo. Enquanto não observarmos isso apesar de nossa pretensa intelectualidade, não seremos nada mais do que cativos da ignorância. Os sinais que melhor demonstram a nobreza da criatura humana são as manifestações da sua humildade e não suas faculdades intelectuais, seu predomínio, num sistema ou num tipo de cultura.
Em quase todas as atividades da pessoa orgulhosa constata-se a presença de desejos inferiores, a busca de evidência, de ostentação. É a ânsia de sobrepujar os semelhantes. A verdadeira liderança provém do trabalho digno e edificante, do esforço e da luta pelo bem comum, da vontade de progredir em sabedoria para melhor servir seus semelhantes pelo amor ao Grande Arquiteto do Universo.
Os bens mais cobiçados do mundo estão, muitas vezes, envoltos sob camadas subterrâneas. Quase sempre os que afluem à superfície são de pouco valor. Assim também ocorre com as pessoas. As que revelam valores morais elevados não buscam a evidência e o aplauso, pois estão envolvidas pela benção da simplicidade. Um dos postulados e principais objetivos da Maçonaria é o permanente combate a todos os vícios e más tendências.
Mas, o posicionamento pretensioso parece ser o das pessoas que se intitulam intelectualizadas. Elegem-se guias do pensamento de seus Irmãos. Muitas vezes ocorre que essas pretensas lideranças acham-se tão afastadas da verdade que chegam a se embaraçar em seus próprios erros.
Alguns entendem enganosamente que dominam a inteireza de suas doutrinas colocando-se em pedestais. O desdém para com os semelhantes chega a ser afronta ridícula. Não aprendem a partilhar, perdoar. Será que, verdadeiramente, os que regulam a conduta pela autoridade de que escreve, não correrão o risco de se perderem?
Acredito que tudo quanto um homem pode realizar, todos podem fazê-lo. O que escrevemos ou fazemos de bom, deve ser difundido aos olhos de todos, e não penso que este fato possa trair ou diminuir o seu valor.
Alguma coisa está errada no egoísta, no orgulhoso. O que o faria mudar para a vida que valha a pena ser vivida? Com certeza precisaria rir, chorar, dividir, perdoar e também irmanar e abraçar.
A Maçonaria é a luz que ilumina a evolução. Adverte que o egoísmo e o orgulho constituem as principais chagas morais que nos impede que aprendamos a servir, amar e alcançar a perfeição.
Sabemos, no entanto, que em oposição ao orgulho temos a humildade, tão importante ao nosso progresso! A humildade que faz com que o individuo se apague, não procurando demonstrar poder e posição.
Como maçons, nada devemos realizar com a finalidade de causar espanto, conflitos ou envaidecimentos. A humildade não permite melindres. A humildade nos conduz ao perdão – o verdadeiro perdão – que é a mais lídima demonstração de amor. Quem perdoa não se preocupa com atitudes de reconhecimento de quem o recebe. O perdão faz esquecer o mal e volta àquele que age dessa forma para o bem, cooperando com o próximo, jubilando-se com seu sucesso e, desse modo, capacitando-se a subir mais um degrau na Escada de Jacó.
Não podemos ignorar o exemplo das árvores: “As que mais crescem são as que sempre juntas se protegem, entrelaçando seus galhos, como se fossem mãos dadas, e desta união vem a resistência quase invencível”.
Lutemos, pois, contra o orgulho, a inveja, o egoísmo e todos os vícios, procurando cultivar a humildade, comportamentos dignos daquele que absorveu os postulados proclamados pela nossa Sublime Instituição.
(*) Valdemar Sansão
E-mail: vsansao@uol.com.br
Fone: (011) 3857-3402
BAGAGEM
Valdemar Sansão(*)
“Um homem não é grande por aquilo que ele fez e sim por aquilo a que ele renuncia”! Acontece que na grande maioria dos casos, a busca a esse “status”, e a luta pela riqueza e o prestígio, acabam afastando o homem de um outro desenvolvimento tão importante quanto o progresso material: o desenvolvimento espiritual, e, principalmente, a assumir responsabilidades diante das nobres e altruísticas missões que nos aguardam em prol do bem comum. É importante, pois, que todos nós saibamos encontrar uma fórmula, que nos permita escapar desse roteiro constituído de trabalho profissional, preocupação financeira e conquista de espaços nas colunas sociais. O homem que deseja progredir em relação ao seu desenvolvimento espiritual – e principalmente o Maçom que deve desbastar a Pedra Bruta – precisa ter em conta que a bagagem para a Grande Viagem não é a mesma que se leva quando de roteiros de negócios ou turismo. É preciso que tenhamos isso em mente! Não apenas em alguns momentos de reflexão, mas em cada minuto do dia. É preciso que o homem se localize como fiel da balança, sabendo até onde deve ser conduzido pelos seus desejos mundanos, naturais, de progresso material e até onde precisa levar sua vida, construindo um destino que, ao final, venha somar em seu crescimento espiritual. Vejamos o que pode nos acontecer num encontro mais ou menos assim: Ao fim de um dia estafante, de um dia de rotina, o homem procurou repousar e rapidamente dormiu. Dormindo, em sonho, ele pressentiu a presença de alguém. Era um estranho personagem que, dirigindo-se a ele, disse-lhe que se preparasse, porque a qualquer momento deveria viajar. - Arrumai a mala!... – falou o estranho. Embora aturdido pela nova situação e mesmo confuso e sem poder raciocinar direito, como um autômato, o homem começou a juntar tudo que tinha e que poderia levar com ele. À sua frente, o estranho personagem observava de perto os gestos do importante homem de negócios. Abriu a mala com um gesto quase automático, e começou a juntar suas coisas: roupas, livros, troféus, sapatos, diplomas e tantas coisas. Silente, o estranho apenas observava. E o homem foi colocando mais coisas na mala: um álbum de fotografias – onde estavam suas lembranças queridas; retratos de antigas namoradas; cartões de visita do seu grande círculo de amizades, etc, etc. – Ah! E o talão de cheques! Como esquecê-lo? Junto com o talão, apanhou seus cartões de crédito, colocando-os no bolso interno do traje branco, junto aos seus documentos pessoais e dinheiro vivo, em moeda corrente. Por um instante, levantou os olhos e viu o estranho que continuava ao seu lado, olhando aquela cena toda. O estranho sorriu, sacudiu a cabeça e disse: - Nesta viagem não precisas de nada disso. O supérfluo deve ficar e contigo deves conduzir apenas aquilo que é realmente importante. O homem transpareceu surpresa no olhar e falou: - Mas como? Roupas, dinheiro, calçados, documentos, cheques, nada disso é importante? Não estou entendendo! - Verdade – retrucou o estranho – disseste-o muito bem. Nesta viagem que farás nada disso é importante. E constatando o olhar surpreso do homem, o estranho continuou falando calma e tranqüilamente. E disse que esta é uma viagem diferente. Tão diferente que, apesar de nem saber quando seria, o homem já deveria ir se preparando desde agora. E não poderia levar coisas que não fossem realmente importantes e necessárias. Sua voz continuava tranqüilamente a esclarecer: - Não precisaras ocultar a nudez do teu corpo. Não precisaras de livros para ler, pois nada mais poderás aprender nos livros que possuis. Os teus sapatos não terão qualquer serventia, posto que não andarás mais na terra nem pisarás mais o chão. Os teus troféus e as tuas medalhas não terão qualquer valor para onde vais. Nem tampouco diplomas te serão pedidos. As tuas fotografias nada mais significarão para ti e outras serão tuas lembranças. Deves esquecer conquistas sem finalidade, e nem todos os cheques de todos os bancos do universo comprarão sequer um banco rústico onde possas sentar. Para onde tu vais, o teu dinheiro não vale nada! - Mas minhas roupas de alto valor? Meu “smoking”? Meu terno branco de tanto gosto? – perguntou o homem. - Nada disso importa! – Não deves te preocupar com a brancura do teu terno, mas sim com a alvura da tua alma, a branco pureza que deve vestir o teu espírito... Nesta altura do diálogo, o homem sentiu-se envolver por uma aura de luz dourada que chegava até eles, sem que se pudesse perceber de onde. Então, sem entender bem porquê, o homem começou a tirar toda aquelas coisas da mala, que logo ficou vazia. - Para que a mala? – pensou ele, perguntando em seguida – Apesar de teres dito para arrumar a mala, ei-la vazia, sem razão de ser e sem finalidade. Que querias dizer quando ordenaste que eu arrumasse a mala? - Quando te mandei arrumar a mala, não me entendeste! Eu me referia a que reuniste tudo de puro e de bom que teus sentimentos abrigam na bagagem do teu espírito, no recesso do teu coração. Eu pedia que reunisse num somatório, todos os gestos de amor que praticaste até aqui; toda a palavra de perdão que proferiste; todo o amor fraterno que ofereceste aos teus Irmãos; toda a fome que ajudaste a mitigar, a sede que saciaste, o corpo de alguém que agasalhaste; toda a palavra que proferiste para educar, ensinar, guiar, esclarecer e proteger. Esta, apenas esta, é a bagagem que deves reunir. Esta mala que está ao teu lado, não tem qualquer serventia a não ser aqui. A outra, a mala que te mandei arrumar, é a mala do coração e da mente. No faiscar de um instante, num relance, o homem compreendeu que a viagem que deveria fazer seria para além do mundo material. Galgaria os céus, ou quem sabe, desceria aos infernos. Subiria á culminância das estrelas, num encontro fatal com os anjos portadores da balança da Lei e, depois, quem sabe onde iria parar. No recesso da Casa do Pai ou nas profundezas abismais das trevas e do medo. - Então, a minha viagem é agora – falou. O suor deslizava pela sua testa e se precipitava no abismo de suas faces. Sua voz estava rouca. A garganta estava seca. E o homem fez um esforço e disse: - Vou morrer? O estranho sorriu e respondeu tranqüilizando o homem. - Não! A tua viagem não é agora. Mas poderá ser no próximo minuto, dentro de alguns dias, talvez semanas, quem sabe dentro de muitos anos, ainda. Mas ouve o meu conselho: não deixa para arrumar tua bagagem no minuto anterior à partida. Não! Deves cuidar dos teus bens (se é que possui algum) agora. Prepara-te com antecedência. Mesmo porque não poderás saber quando chegará o momento do céu se abrir e as trombetas dos anjos anunciarem que a tua viagem está começando. Que não sejas pego de surpresa. Que não viajes despido e sem nada. Porque se assim o fizeres, certamente terás que retornar para recuperar o que perdeste e para construir o que não edificaste. E o que é bem pior, voltarás para trocar teus valores e, então sim, encontrareis o teu tesouro. Cuida-te, pois! Construir na matéria a finalidade maior da vida terrena, esquecendo que acima de tudo isto existe a essência Maior, que conduz à morada espiritual na Casa do Pai, é um trágico e amargo engano que a maioria dos homens comete. Pára e medita. Traça um paralelo entre a vida do homem espiritual em seu manancial de verdadeira Luz e Sabedoria. Se as trombetas tocassem agora e os anjos chamassem teu nome, terias pronta a bagagem para a grande viagem? (*) Valdemar Sansão Bibliografia: Coletado no trabalho: “O Estranho” do Ir.’. Tibiriçá Freitas (A TROLHA Mar-Abril/90) |
ANTROPOLOGIA E FORMAS QUOTIDIANAS
L. Jean Lauand
a filosofia de
S. Tomás de Aquino subjacente à nossa Linguagem do Dia-a-Dia
(Conferência proferida na Universitat Autònoma de Barcelona,
Dept. de Ciències de l'Antiguitat i de l'Etat Mitjana, 23-4-98)
"Obrigado", "Parabéns", "Perdoe-me", "Meu caro", "Felicidades", "Meus
pêsames" e diversas outras formas de linguagem do relacionamento quotidiano - nas diversas línguas - encerram em si profundas informações para o estudo filosófico do homem. Para além do eventual formalismo vazio em que o uso diário tende a arremessá-las, essas expressões - à primeira vista, tão inofensivas - incidem, originariamente, sobre importantes dimensões da realidade humana.
A partir da discussão metodológico-temática sobre a linguagem e a antropologia filosófica (guiados pelo clássico S. Tomás de Aquino), essas fórmulas de convivência mostram-se autênticas mensagens cifradas, por vezes infinitamente surpreendentes e sábias... Como diz Isidoro de Sevilha, sem a etimologia não se conhece a realidade e com ela mais rapidamente atinamos com a força expressiva das palavras (1).
Na verdade, as palavras têm um potencial expressivo muito maior do que nós - tão familiar e quase automático é o uso que delas fazemos - possamos imaginar. Daí a atenção do filósofo para os modos de dizer, os contextos, as sutilezas da linguagem comum, em sua própria língua ou em outras.
Quando a filosofia se volta para a linguagem comum, não está praticando um procedimento periférico, mas atingindo algo de muito essencial, pertencente ao próprio núcleo da reflexão filosófica.
Tal apropriação, dizíamos, não é fácil nem imediata. Nossa tendência é antes a de embotamento e esquecimento do profundo sentido originário que acabou por se consubstanciar nesta ou naquela formulação. Pois, sempre vige aquela verdade fundamental, ressaltada tanto pela antropologia ocidental quanto pela oriental: o homem é, essencialmente, um ser que esquece!(2) E, assim, a linguagem, a língua viva do povo, acaba por ser em muitos casos a depositária das grandes experiências esquecidas. E se quisermos resgatar o sentido do humano que elas encerram, devemos voltar-nos, criticamente, para esse depósito... Não é de estranhar, pois, que num clássico como Tomás de Aquino encontremos uma filosofia altamente comprometida com a linguagem.
Nesse sentido, é oportuno recordar alguns de seus princípios metodológicos.
1) Nossas palavras, freqüentemente, só alcançam fragmentariamente - Tomás usa o advérbio divisim - a realidade, que é complexa, que supera, de muito, a capacidade intelectual humana. Aliás, é de Tomás a aguda observação de que "filósofo algum jamais chegou a esgotar sequer a essência de uma mosca". Ao contrário de Deus, que expressa tudo num único Verbo, "nós temos de expressar fragmentariamente os conhecimentos em muitas e imperfeitas palavras"(3).
2) Outro fenômeno interessante, também ele ligado à limitação de nosso conhecimento/linguagem, é o que poderíamos denominar: efeito girassol, assim explicado por Tomás: "Já que os princípios essenciais das coisas são por nós ignorados, freqüentemente, para significar o essencial (que não atingimos) nossas definições incidem sobre um aspecto acidental"(4). Assim, por exemplo, todo o ser da planta que chamamos girassol é designado por um fenômeno-gancho, acidental e periférico, no caso o do heliotropismo.
3) Daí, também, que não escape ao Aquinate o fato de que, freqüentemente, é diferente o gancho, o aspecto, o caminho pelo qual cada língua acessa uma< determinada realidade: o mesmo objeto que me protege contra a água (guarda-chuva) produz uma sombrinha (umbrella). Daí, diz Tomás, que "línguas diferentes expressem a mesma realidade de modo diverso"(5).
"Muito obrigado" - os três níveis da gratidão
Dizíamos que a limitação do conhecimento humano reflete-se na linguagem: não podemos expressar o que as coisas são, na medida em que não sabemos completamente o que elas são. Além do mais, muitas vezes, uma palavra acentua originariamente só um dentre os muitos aspectos que a realidade designada oferece. E pode ocorrer que, com o passar do tempo, essa realidade mude, evolua substancialmente a ponto de perder a conexão com o étimo da palavra, que permanece a mesma. Isto não nos choca, pois, no uso quotidiano, as palavras vão perdendo transparência: falamos em salada de frutas porque envolve mistura e nem notamos que salada deriva de sal. Do mesmo modo, o barbeiro, hoje em dia, quase já não faz barbas, mas cortes de cabelo; como também o tintureiro já não tinge, mas só lava; o garrafeiro compra jornais velhos e muito poucas garrafas; o chauffeur não aquece, mas dirige o carro; e nem nos lembraríamos de associar funileiro a funil.
Se essas incompatibilidades não nos causam estranheza é porque a linguagem tornou-se opaca para nós: dizemos colar, colarinho, coleira, torcicolo e tiracolo e não reparamos em que derivam de colo, pescoço (daí que seja incompreensível, à primeira vista, a expressão "sentar no colo").
Essas considerações são importantes preliminares ao estudo da gratidão e das formulações que ela recebe nas diversas línguas. Tomás ensina que a gratidão é uma realidade humana complexa (e daí também o fato de que sua expressão verbal seja, em cada língua, fragmentária: este ou aquele aspecto-gancho é o acentuado): "A gratidão se compõe de diversos graus. O primeiro consiste em reconhecer (ut recognoscat) o benefício recebido; o segundo, em louvar e dar graças (ut gratias agat); o terceiro, em retribuir (ut retribuat) de acordo com suas possibilidades e segundo as circunstâncias mais oportunas de tempo e lugar" (II-II, 107, 2, c).
Este ensinamento, aparentemente tão simples, pode ser reencontrado nos diferentes modos de que as diversas línguas se valem para agradecer: cada uma acentuando um aspecto da multifacética realidade da gratidão. Algumas línguas expressam a gratidão, tomando-a no primeiro nível: expressando mais nitidamente o reconhecimento do agraciado. Aliás reconhecimento (como reconnaissance em francês) é mesmo um sinônimo de gratidão. Neste sentido, é interessantíssimo verificar a etimologia: na sabedoria da língua inglesa to thank (agradecer) e to think (pensar) são, em sua origem, e não por acaso, a mesma palavra. Ao definir a etimologia de thank o Oxford English Dictionnary é claro: "The primary sense was therefore thought"(6). E, do mesmo modo, em alemão, zu danken (agradecer) é originariamente zu denken (pensar). Tudo isto, afinal, é muito compreensível, pois, como todo mundo sabe, só está verdadeiramente agradecido quem pensa no favor que recebeu como tal. Só é agradecido quem pensa, pondera, considera a liberalidade do benfeitor. Quando isto não acontece, surge a justíssima queixa: "Que falta de consideração!"(7). Daí que S. Tomás - fazendo notar que o máximo negativo é a negação do grau ínfimo positivo (a última à direita de quem sobe é a primeira à esquerda de quem desce...) - afirme que a falta de reconhecimento, o ignorar é a suprema ingratidão(8): "o doente que não se dá conta da doença não quer se curar"(9).
A expressão árabe de agradecimento shukran, shukran jazylan situa-se diretamente naquele segundo nível: o de louvor do benfeitor e do benefício recebido. Já a formulação latina de gratidão, gratias ago, que se projetou no italiano, no castelhano (grazie, gracias) e no francês (merci, mercê)(10) é relativamente complexa. Tomás diz (I-II, 110, 1) que seu núcleo, graça comporta três dimensões: 1) obter graça, cair na graça, no favor, no amor de alguém que, portanto, nos faz um benefício; 2) graça indica também dom, algo não devido, gratuitamente dado, sem mérito por parte do beneficiado; 3) a retribuição, "fazer graças", por parte do beneficiado. No tratado De Malo (9,1), acrescenta-se um quarto significado de gratias agere: o de louvor; quem considera que o bem recebido procede de outro, deve louvar.
No amplo quadro que expusemos - o das expressões de gratidão em inglês, alemão, francês, castelhano, italiano, latim e árabe - ressalta o caráter profundíssimo de nossa forma: "obrigado"(11). A formulação portuguesa, tão encantadora e singular, é a única a situarse, claramente, naquele mais profundo nível de gratidão de que fala Tomás, o terceiro (que, naturalmente, engloba os dois anteriores): o do vínculo (ob-ligatus), da obrigação, do dever de retribuir. Podemos, agora, analisar a riqueza de sugestões que se encerra também na forma japonesa de agradecimento(12).
Arigatô remete aos seguintes significados primitivos: "a existência é difícil", "é difícil viver", "raridade", "excelência (excelência da raridade)". Os dois últimos sentidos acima são compreensíveis: num mundo em que a tendência geral é a de cada um pensar em si, e, quando muito, regularem-se as relações humanas pela estrita e fria justiça, a excelência e a raridade salientam-se como característica do favor. Mas, "dificuldade de existir" e "dificuldade de viver", à primeira vista, nada teriam que ver com o agradecimento. No entanto, S. Tomás ensina (II-II, 106, 6) que a gratidão deve - ao menos na intenção - superar o favor recebido. E que há dívidas por natureza insaldáveis: de um homem em relação a outro, seu benfeitor, e sobretudo em relação a Deus: "Como poderei retribuir ao Senhor - diz o Sl. 115 - por tudo o que Ele me tem dado?". Nessas situações de dívida impagável - tão freqüentes para a sensibilidade de quem é justo - o homem agradecido sente-se embaraçado e faz tudo o que está a seu alcance (quid-quid potest), tendendo a transbordar-se num excessum que se sabe sempre insuficiente(13) (cfr. III, 85, 3 ad 2). Arigatô aponta assim para o terceiro grau de gratidão, significando a consciência de quão difícil se torna a existência (a partir do momento em que se recebeu tal favor, imerecido e, portanto, se ficou no dever de retribuir, sempre impossível de cumprir...).
Sinônimos?
Tomás é muito estrito no uso da palavra "sinônimo": para ele, são sinônimas somente palavras de significados absolutamente equivalentes, isto é, que não só indicam a mesma realidade (res), mas também o mesmo aspecto, a mesma ratio. Diz, por exemplo: "Embora essas palavras signifiquem a mesma realidade, não são sinônimas porque não a enfocam sob o mesmo aspecto"(14).
Assim, para Tomás, duas (ou mais) palavras são sinônimas se (e somente se...) em quaisquer contextos puderem ser comutadas sem real alteração de sentido: o exemplo que dá, no Comentário às Sentenças, é tunica, vestis e indumentum. O que quer que se afirme (ou negue) de tunica, será afirmado (ou negado...) também de vestis(15). É como trocar "meia-dúzia" por "seis"... Nós, hoje, com me-nos precisão, admitimos como sinônimas justamente palavras que - embora com diferentes títulos ou ênfases - apontam para a mesma realidade. Assim, de "sinônimo", diz o Aurélio: "palavra que tem quase (sic) a mesma significação que outra". Já o Larousse, explicita melhor: "mots qui se présentent dans la langue avec des sens très proches et qui se différencient entre eux par une nuance (trait particulier)". Já o Oxford distingue e registra dois sentidos, o estrito e o lato: "Synonym - 1. Strictly, a word having the same sense as another (in the same language); but more usually (grifo nosso), either or any of two or
more words (in the same language) having the same general sense, but possessing each of them meanings which are not shared by the other or others, or having different shades of meaning (grifo nosso) or implications appropriate to different contexts: e.g. serpent, snake; ship, vessel etc.".
Para Tomás, pelo contrário, como dizíamos, duas palavras podem referir-se à mesma e única realidade e, no entanto, não serem sinônimas: porque diferentes são suas rationes.
É o caso, por exemplo, dos diversos nomes pelos quais designamos a Deus ou seus atributos (Criador, Onipotente, a Bondade, a Justiça etc.): todos incidem sobre a mesma realidade, mas não são sinônimos(16). Seja como for, do ponto de vista metodológico, são de especial interesse para o filósofo, dois pontos: 1) a busca de contextos da linguagem comum em que uma palavra não pode - sem alteração de sentido - ser substituída por nenhum "sinônimo": este é um fecundo procedimento para atinar com a realidade antropológica significada pelo vocábulo e 2) O segundo ponto a destacar é o fato de que cada "sinônimo" tem sua ratio, aponta para um determinado aspecto diferente da mesma e única realidade: tal como quando falamos em "casa", "lar", "domicílio" ou "residência". Em si, a realidade a que se referem estas palavras é a mesma e única edificação - na Rua Tal, número tal -, mas ninguém diz "domicílio, doce domicílio", nem a Prefeitura cobra impostos sobre meu lar, etc.(17). Essa multiplicidade de formas de linguagem para a mesma res tem importância na análise que Tomás faz do amor.
"Meu caro"
A riqueza (e a precisão) de vocabulário vivo para determinado assunto em uma língua denota o interesse vital dos falantes por aquele tema. Nesse sentido, note-se, por exemplo, o incrível detalhamento a que chegou o léxico futebolístico no Brasil, em que a resolução da linguagem chega a distinguir: bicicleta, meia-bicicleta, puxeta e voleio! Do mesmo modo, S. Tomás apresenta distinções entre diversos "sinônimos" de amor em latim, interessantes do ponto de vista da antropologia filosófica. Assim, ao afirmar (em I Sent. d.10, q.1, a. 5, ex) que o Espírito Santo é amor ou caritas ou dilectio do Pai e do Filho, precisa que amor indica a simples inclinação de afeto para o amado, enquanto dilectio ("como a própria etimologia indica") pressupõe escolha e é, portanto, racional. Já caritas, objeto de particular estudo neste tópico, enfatiza a veemência do amor (dilectio) enquanto se tem o amado por inestimável preço ("inquantum dilectum sub inaestimabili pretio habetur"), no mesmo sentido em que dizemos que as coisas (o custo de vida, as compras) estão caras ("secundum> quod res multi pretii carae dicuntur").
Há aqui um fato surpreendente e muito sugestivo. Não é por acaso que, também em outras línguas, se use a mesma e única palavra para dizer: "meu caro amigo" e "o feijão está caro" ("my dear friend", "beans are too dear"; "mon cher ami" e "haricots sont trop cher"). Para o realismo medieval, não há nenhum choque em que a palavra "caridade", escolhida para designar o amor de Deus (e o amor ao próximo por Deus) seja a palavra, pré-cristã, ligada a dinheiro, preço: caridade, o amor pelo amado, insiste Tomás, indica aquilo (uma coisa, um objeto) que consideramos de inestimável preço, como caríssimo: "Caritas dicitur, eo quod sub inaestimabili pretio, quasi carissimam rem, ponat amatum caritas" (In III Sent. d.27, q.2, a.1, ag7).
Assim, quando dizemos "meu caro amigo" ou "caríssimo Fulano", estamos valendo-nos de metáforas de preço (daí, também, a-preço, prezado, menos-prezo, des-prezo etc.), de estima, de estimativa.
Nesta mesmíssima linha, situa-se a fórmula de cortesia árabe, ante um amigo que diz que vai pedir algo: "Anta gally wa talibuka rakhiz" ("você é caro e seu pedido é barato"). E quando nos lembramos que Cristo compara o Reino dos Céus a um tesouro que um homem encontra num campo ou a um mercador que procura pedras preciosas e que a obtenção desse bem requer a venda de todo o resto, não nos surpreenderá que "caridade" seja a palavra para designar o bem apreciado.
Voltemo-nos agora para uma outra situação de nossa vida quotidiana, a de felicitação, procurando resgatar o sentido originário dos votos de congratulação. Seguindo o procedimento medieval, estaremos atentos à etimologia.
"Parabéns"
Quando transcendemos o âmbito protocolar das formalidades e da praxe, os votos de felicitação: "Parabéns!" (e seus irmãos: o espanhol Enhorabuena!, o inglês Congratulations!, o italiano Auguri!), vemos que eles trazem em si diferentes e complementares indicações sobre o mistério do ser e o do coração humano. O que significam exatamente essas formulações? O que realmente queremos dizer, quando dizemos "parabéns" ou "congratulations" etc.? Todas essas expressões trazem em si um profundo significado, por assim dizer, "invisível a olho nu".
Comecemos pela fórmula castelhana: Enhorabuena!, literalmente "em boa hora". Enhorabuena indica que um determinado caminho (os anos de estudo que desembocaram numa formatura, o árduo trabalho de montar uma empresa que se inaugura etc.) chega, nesta hora, em que se dão as felicitações, a seu termo: esta é que é a hora boa, enhorabuena! Precisamente o fato de ser a hora da conclusão é que a torna uma boa hora. A sabedoria dos antigos fala da "hora de cada um", de horas boas e más. Mas a hora boa, a hora melhor é a da conclusão, a da consumação, a do bom termo do caminho, a hora do fim, que é melhor do que a do começo: "Melior est finis quam principium" (Ecl. 7,8), diz a própria Sabedoria divina.
Já a formulação inglesa, também presente no alemão e em outras línguas, congratulations, expressa a alegria compartilhada pelo bem do outro, com quem nos congratulamos, isto é, nos co-alegramos. Essa comunhão na alegria é sugerida também pela forma depoente dos verbos latinos gratulor e congratulor. A forma depoente está a indicar que a ação descrita no verbo não é ativa nem passiva: mas uma ação que, exercida pelo sujeito, repercute nele mesmo. Ou seja, no caso, que a alegria que externamos ao felicitar tal pessoa é também, a título próprio, muito nossa.
O árabe mabruk lembra o caráter de bênção daquele dom pelo qual felicitamos alguém.
Com a encantadora forma nossa, "Parabéns!", estamos expressando precisamente isto: que o bem conquistado, que a meta atingida seja usada "para bens". Pois, qualquer bem obtido (o dom da vida, dinheiro ou a conquista de um diploma) pode, como todo mundo sabe, ser empregado para o bem ou para o mal.
O italiano, auguri, auguri tanti!, anuncia (ou enseja) que este bem celebrado é só prenúncio, prefiguração, augúrio de outros ainda maiores que estão por vir.
"Meus pêsames"
"Carregava uma tristeza...", diz o antigo samba de Paulinho da Viola: a tristeza é - evidentemente - um peso, os famosos pesares...! E para carregar o peso da dor, da tristeza, nada melhor - ensina Santo Tomás - do que a ajuda dos amigos: "porque a tristeza é como um fardo pesado que se torna mais leve para carregar, quando compartilhado por muitos: daí que a presença dos amigos seja tão apreciada nos momentos de dor"(18).
Compreende-se, assim, imediatamente, que a expressão de condolências ("doer-se com") seja pêsames, literalmente: pesa-me ("eu te ajudo a carregar o peso desta tua tristeza").
Perdoe-me"
"Perdonare" é uma forma tardia que não se encontra em Tomás. A palavra correspondente e usual, por ele empregada, é par-cere. No entanto, encontramos em S. Tomás as razões filosóficas que justificam a grandiosa etimologia das formas modernas: "perdoar", "perdão", "perdonar", "pardon", "pardonner" etc.
O prefixo per acumula os sentidos de "por" ("através de") e de plenitude, grau máximo: como em perlavar (lavar completamente) perfulgente (brilhantíssimo), per-feito, per-manganato etc. E, assim, o perdão aparece como o superlativo da doação. O mesmo se dá com as formas inglesa e alemã: for-give, vor-geben.
Como o Aquinate pensa o tema do perdão e como o relaciona com o máximo da doação? Há aí influências bíblicas e litúrgicas. Na liturgia, Tomás impressiona-se com a oração, por ele freqüentemente citada(19), da missa do X domingo depois de Pentecostes (e, ainda hoje, preservada no XXVI domingo do tempo comum), que diz: "Deus qui omnipotentiam tuam parcendo maxime manifestas" ("Deus, que manifestais vossa onipotência, principalmente perdoando..."). E afirma que o perdão de Deus é poder superior ao de criar os céus e a terra (II-II, 113, 9, sc).
Por outro lado, ele lê na tradução latina da epístola aos efésios: "sede benignos e 'doai-vos' uns aos outros, tal como Deus, em Cristo, vos 'doou'" (Ef 4,32)(20). E em II Cor 2:10 "A quem vós 'doeis' eu também 'dôo' e o que eu 'doei' etc."(21). Tomás não tem dúvidas: o doar, por excelência, não é doar dinheiro ou tempo ou qualquer outra coisa, mas sim perdoar(22).
E conclui, com sua habitual sobriedade, com sugestivos id est: "Donate, id est parcite" (Super II ad Cor. cp 12, lc 4) e "Donantes, id est parcentes" (Super ad coloss. cp 3 lc 3) .
1. "Nisi enim nomen scieris, cognitio rerum perit" (Et. I, 7,1) e "Nam dum videris unde ortum est nomen, citius vim eis intellegis" (Et. I, 29,2).
2. Veja-se, a propósito, o capítulo "Educação e Memória" in Lauand, Medievália, São Paulo, Hottopos, 1996.
3. "Quia enim nos non possumus omnes nostras conceptiones uno verbo ex-primere, ideo oportet quod plura verba imperfecta formemus, per quae divisim exprimamus omnia, quae in scientia nostra sunt (Super Ev. Io. Cp 1, lc1).
4. "Et quia essentialia principia sunt nobis ignota, frequenter ponimus in defini-tionibus aliquid accidentale, ad significandum aliquid essentiale" (In ISent. ds25 q 1, a 1, r 8).
5. "Diversae linguae habent diversum modum loquendi" (I, 39, 3 ad 2).
6. Cito pela edição em hipertexto-Cd-ROM: OED 2nd. ed. on CD-ROM, 1994.
7. Já Sêneca - citado por S. Tomás, II-II, 106, 3 ad 4 - fala de que não pode haver gratidão, senão pelo que ultrapassa o estritamente devido, "ultra debitum". Ministerium tuum est ("Você não fez mais que sua obrigação") e outras do mesmo teor são, como se vê, fórmulas já bastante antigas.
8. "Est gravissimum inter species ingratitudinis, cum scilicet homo beneficium non recognoscit" (In II Sent. d.22 q.2 a.2 r.1).
9. "Quia dum morbum non cognoscit, medicinam non quaerit", ibidem.
10. Merci é derivado de merces (salário), que tomou no latim popular o sentido de preço, do qual derivou o de "favor" e o de "graça".
11. Infelizmente, nestes últimos anos, no Brasil, "obrigado" vem sendo substituído pelo insosso "valeu!".
12. Devo à Profa. Chie Hirose as observações sobre a expressão Arigatô na língua japonesa.
13. Dessa insuficiência de quem sabe não dispor de moeda forte, nasce o recurso a Deus, consignado na expressão "Deus lhe pague", que, naturalmente, deixa subentendido que um pobre homem, como eu, não pode fazê-lo...
14. "Quamvis nomina dicta eandem rem significent, non tamen sunt synonyma: quia non significant rationem eandem" (CG I, 35, 1).
15. "Sicut patet etiam in synonimis; tunica enim et vestis eamdem rem significant, tamen nomina sunt diversa; et similiter indumentum. Unde affirmationes et negationes quae pertinent ad rem, non possunt verificari, ut dicatur: tunica est alba, indumentum non est album" (In I Sent. d. 34, q.1, a.1, r.2)
16."Ostenditur etiam ex dictis quod, quamvis nomina de Deo dicta eandem rem significent, non tamen sunt synonyma: quia non significant rationem eandem" CG I, 35, 1. Ou "Cum non secundum eandem rationem attribuantur, constat ea non esse synonyma, quamvis rem omnino unam significent: non enim est eadem nominis significatio, cum nomen per prius conceptionem intellectus quam rem intellectam significet" CG I, 35, 2.
17. Ainda que, naturalmente, há casos em que é legítima a substituição de uma dessas palavras por outra, ou indiferente o uso desta ou daquela: afinal são "sinônimas"!
18. "Quod tristitia est sicut onus grave quod quanto plures transsumunt fit levius ad portandum et sic presentia amici delectabilis" (Tabula libri Ethicorum, cpt).
19. Por exemplo em II-II, 113 9, sc e In IV Sent. d.46, q.2, a.1, cag1.
20. "Estote autem invicem benigni misericordes donantes invicem sicut et Deus in Christo donavit nobis".
21. "Cui autem aliquid donatis et ego nam et ego quod donavi si quid donavi propter vos in persona Christi".